09 maio, 2007

Chapter Four


A árvore do centro da ilha abrangia uma área bastante grande de sombra. Talvez o estar no centro me fizesse pensar que era a árvore mais bonita da ilha, que tinha muitas outras, que conheci no caminho ate àquela. Devo estar sendo injusto com todas as outras que conheci no caminho, com frutas de todas as cores e formas. E gostos. Nunca deixaria de conhecer todos os gostos daquelas frutas que, no entanto, ainda me pareciam mero conhecimento, talvez algum prazer, para o bem ou para o mal. Nada tão consistente como o peixe que pulava aos meus pés com a vivacidade do amor de que ele evidentemente se alimentava.

A frutas eram tão pequenas que as avezinhas dos céus tinham que comer o tempo todo e aquele trabalho não parecia ser mais interessante, embora parecesse mais fácil, que o se alimentar de peixe vivo. A lama que as avezinhas deixavam cair tinham um cheiro que gostei de conhecer, mas que era pior que todos os outros que já sentira. Todo o entorno da grande árvore era rodeado por arvorezinhas nascidas da lama menos cheirosa que pareciam prestes a morrer ou já estavam mortas pela grande sombra que sua mãe egoisticamente lhes dedicava. Os passarinhos também eram rudes com aquelas plantas menores, que, sem saber, iam buscando a luz pelos caminhos mais difíceis e estranhos pelas frestas duvidosas de uma sombra opressora.

Aqueles pássaros pareciam conhecer muito bem o que devia ser feito. Ou assim parecia, considerando que as avezinhas se serviam das frutas da grande árvore sem estardalhaços, comendo-as para matar a fome e deixando as sementes em locais próximos. As árvores filhas muito pequenas, as quase gramas de tão não árvores, não eram incomodadas pelos passarinhos. As árvores um pouco maiores, as que pareciam não se conformar com a luz indireta que a árvore maior filtrava, estas eram importunadas pelos passarinhos que constantemente as mordiam destruindo suas folhas – logo cuspidas como se a consciência de um veneno, que não devia fazer mal nas frutinhas, acometesse os passarinhos. Podia ser também que o que era apenas potencialidade de veneno nas frutinhas era veneno de verdade nas plantinhas.

Depois destas observações cheguei até às raízes expostas da árvore, que nasciam numa terra de cor diferente da do resto da ilha.

1 Comments:

At 12:29 PM, Anonymous Anônimo said...

Fala Pedro!

Estava há muito tempo esperando a continuação desta interessante história.

Gostei da continuação e espero que você nos presenteie com o desenrolar dessa narrativa.

Quando atualizar o blog, me avise por email ou pelo orkut.

Um grande abraço!

 

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