23 novembro, 2006

O Profissional Desiludido


O estrondo o ensurdecia. Mas era preciso continuar correndo. Não eram todos os dias nos quais aqueles barulhos o incomodavam tanto, mas suas suscetibilidades surgiram e estavam um tanto abaladas pelos últimos acontecimentos. Todos os dias os tambores soavam, a sentença era lida em um alto-falante, o alto-falante virava comparativamente um ruído, vinha o mais baixos dos sons e, finalmente, isto nunca o havia incomodado. Todos os dia era uns dos que segurava uma potencial e idêntica fonte de estrondos e manchas em frente a parede manchada. Nunca   era efetiva e nada afetiva fonte de estrondos ou das manchas, mas sempre estava lá pronta para cumprir com esta função no caso de um insubordinação tardia sob o reflexo condicionado de seu condicionado possuidor, metaforicamente, inclusive, cada vez mais surdo . Nunca o ensurdecedor dos estrondos o incomodava, e não poderiam incomodar aos outros, que ou estavam acostumados/ensurdecidos ou teriam motivos mais importantes para se preocuparem ou para não mais se preocuparem com nada.

Mas era preciso continuar correndo. Pela primeira vez era preciso correr. E era inútil. Outro teria que cumprir com a função principal dele, função que nunca antes precisara ser cumprida a não ser como hipótese sempre ordeiramete certeira, sempre em prontidão. Sempre ele e os outros. Mas sempre haveria substitutos. No agora e em todos os outros dias em que este trabalho continuasse, e continuava, a ser desempenhado pela subordinação absoluta de todos os participantes, a não ser por aquela única e não menos fatal exceção.

3 Comments:

At 8:29 PM, Anonymous Anônimo said...

mas uma vez auto percepção! de novo um mergulho na agua fria do eu.
mas uma vez uma queda em si mesmo, e nos mais profundos dos "sentires".
O profissional se desilude porque ouve os tambores, ou por que sabe o que eles anunciam?
Os tambores, finalmente ouvidos gritam no afã de um cochicho, um suave cochicho de ameaça de morte!
desilusão é só para os vagabundos! eles no seu ócio persebem tudo, e principalmente desilusões. Mas entao do que sofre o trabalhador? Por tambores apocalipticos que ninguem ouve ou por manchas que atrapalham sua visam mas mesmo assim ninguem vê? Por que raios, porque infernos eles sentiu desilusão se trabalha, o trabalhador não pensa, ao nao ser em tabalhar e o pensador nao trabalha, a não ser para furgir de trabalho. Tolice! todo mundo sofre auto percepção, todos respirantes malditos dessa terra já um dia sentiram a nausea que Sartre toda hora reclamava.. Isso sim é tolice! Auto percepção para aquele que é um ocupado, é um misterio que maior do que a composição da coca-cola!
mas se aconteceu, é por que a especie humana evolui.a volta a si, o regresso para a humanidade do homem a problematica de existir aqui e agora, uma democratização da fenomenologia do eu é a chave da evolução humana. essa chave se perdeu no meio das gorduras trans, dos corantes purpura, nas fumaças dos puteros, no gozo espelido nas putas e das não putas. catar um por um desses fragmentos de chave é algo mais do que estranho. mas valeria a pena tentar do que continuar se gastando em volupia, em coisas com codigos binomiais (1 0 1 0),risadas euforicas e vazias, torpores sem fundo religioso e pseudos-trancendencias de merda! O que esse trabalhador precisa?!
uma nova desilusão!

 
At 9:33 PM, Blogger Pedro Paulo Garcia said...

Por vezes o comentario supera o texto para caminhos que o proprio autor nao vislumbrara.

:)

 
At 8:46 PM, Blogger Daniel Lopez said...

Já que Sartre foi uma Isadora (do grego Isidoros, literalmente "presente de Isis"), deixo uma passagem deste filósofo, retirada do seu livro chamado "A Imaginação":

"O ato de imaginar... é um ato mágico. É uma encantação destinada a fazer aparecer o objeto pensado, a coisa desejada, para podermos nos apossar deles. Há sempre, nesse ato, algo de imperioso, algo de infantil, uma recusa em levar em conta a distância, as dificuldades. Assim, através de ordens e preces, a criança, de seu berço, age sobre o mundo. A essas ordens da consciência, os objetos obedecem: aparecem".

 

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